MEET 2030

2017

Desafio

No âmbito da política internacional e europeia que exige uma diminuição das emissões de CO2 das economias, é necessário que as empresas pensem estrategicamente este tema, de modo a poderem posicionar-se de forma competitiva no mercado a médio e longo prazo. Assim, é necessário que a empresas consigam identificar de que forma este enquadramento vai afetar os negócios, e que processos de inovação podem vir a ser desenvolvidos para que consigam manter e aumentar competitividade no futuro.

Projeto

O Meet 2030 contribui para a implementação do Acordo de Paris, que pretende alcançar uma economia neutra em carbono (net zero) na segunda metade do século.

O projeto desenvolvido pelo BCSD Portugal em parceria com o Instituto Superior Técnico desafiou os associados a imaginar o futuro – o projeto transportou as empresas para o desconhecido, levou-as a desbravar caminhos disruptivos e a propor oportunidades de crescimento para as empresas portuguesas no horizonte de 2030.

Objetivos

  • Criar cenários para Portugal em 2030, no contexto de uma quarta revolução industrial tendo em conta os compromissos nacional, europeu e global para alcançar a neutralidade carbónica, os desafios dos vários setores económicos e a investigação que tem sido liderada pelos associados do BCSD Portugal;
  • Identificar potenciais novos setores de atividade económica, inovação em produtos e processos e as vantagens competitivas necessárias para que as empresas possam manter um crescimento sustentável a longo prazo;
  • Identificar as soluções com maior valor acrescentado e contribuir para uma policy action, que permita definir prioridades estratégicas a nível nacional e internacional.

Resultados

O projeto resultou na definição de dois potenciais cenários que a economia portuguesa pode enfrentar em 2030: o cenário Avestruz e o cenário Lince Ibérico. O processo, que decorreu ao longo de 10 meses, envolveu cerca de 30 empresas portuguesas, de 13 sectores diferentes, e contou com diversas interações com entidades públicas como o Ministério do Ambiente, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Agência para a Energia (ADENE) e a Secretaria de Estado da Indústria.

As estruturas e narrativas dos dois cenários, desenvolvidas num processo cooperativo e construtivo, foram as seguintes:

  • No cenário avestruz, Portugal está atrasado e estagnado num mundo transformado por novos desenvolvimentos tecnológicos, ambientais e energéticos. Apesar de conseguir cumprir as exigências do Roteiro Nacional de Baixo Carbono de 2012 da APA, o PIB está em queda. Portugal está a tornar-se cada vez mais periférico e menos atrativo para o investimento. O sistema bancário é incapaz de apoiar adequadamente o desenvolvimento económico, o que resulta numa queda do stock do capital produtivo em Portugal. Há uma incapacidade para alinhar o desenvolvimento tecnológico e os investimentos em ciência, tecnologia e inovação com os grandes desafios societais que o país enfrenta. Portugal é incapaz de atrair e reter talento.
  • O cenário lince ibérico é de elevada estabilidade, crescimento e competitividade, com um significativo crescimento económico da UE, estabilização financeira da economia portuguesa e níveis de investimento mais elevados. Neste cenário, a recuperação baseia-se na forte cooperação entre agentes económicos no país e entre Portugal e outros países. O sistema bancário recupera e apoia o desenvolvimento económico. O resultado é o aumento do stock de capital produtivo de Portugal a cada ano. Existe uma estreita cooperação entre agentes, incluindo a coordenação entre as políticas governamentais e as necessidades das empresas, a fim de abordar os novos desafios societais. Isto conduz à atração e retenção de talento.

Para perceber como o crescimento económico e a criação de emprego são possíveis numa economia neutra em carbono, o Meet 2030 usou a abordagem do modelo económico da exergia. Esta abordagem é significativamente diferente do modelo económico tradicional, no qual o PIB é uma função do trabalho, do capital e da produtividade total dos fatores. No modelo económico da exergia, o PIB é uma função do trabalho, do capital e da produtividade da energia, ou seja, a eficiência exergética.